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Com boa vontade, dá!

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Sexta-feira, dia 23 de março, passei a manhã e a tarde em Rondinha/RS, participando de sua Feira do Livro – e foi lindo, com muitos abraços quentinhos e amor de montão! Ministrei três palestras, e entre uma e outra, eu ia até a pracinha que fica em frente à Prefeitura, onde aconteciam as atividades, para pegar um ar. E foi nesta pracinha que eu conheci o Espaço Criançando, um quiosque que fica aberto o dia inteiro, todos os dias, e disponibiliza livros e brinquedos para a gurizada, que está sempre ali em volta. Impossível não lembrar de nosso Mini Centro Cultural, o quiosque localizado na praça central de Carazinho – mas que, ao contrário do Espaço Criançando, fica o dia inteiro fechado, juntando sujeira e teia de aranha, e de “centro cultural” só tem o nome. Na verdade, é um depósito esquecido de tralhas e velharias. Sempre que eu passo pelo nosso “Mini Centro Cultural” (entre aspas mesmo, por que né?), fico pensando no tamanho do desperdício daquele espaço. O quiosque vive ...

"Ideias são à prova de bala"

Esta é uma das frases ditas por V, o anti-herói do filme e dos quadrinhos V de Vingança, quando, diante de um inimigo, viu-se cercado por homens armados até os dentes, sua cabeça na mira. V sabia que poderia morrer naquele instante, mas não o que ele representava. Os princípios pelos quais lutou; a ideologia que personificava; isso seu inimigo não seria capaz de destruir nem com todas as armas e munições que existem no mundo. Ideias são concebidas, sustentadas e perpetuadas por pessoas. Contudo, em um determinado momento, tornam-se maiores do que qualquer um. Por isso a execução da vereadora Marielle Franco não foi um assassinato comum. Não por que Marielle era diferente das dezenas de milhares de vítimas de homicídio Brasil afora. A execução de Marielle Franco não foi um assassinato comum por que, ao emboscá-la e matá-la, o objetivo não era apenas emboscar e matar uma pessoa, mas uma ideia. Quando calaram Marielle com quatro tiros na cabeça, tentaram calar as muitas vozes que s...

A luz no fim do túnel

Estava eu na sala de espera do dentista quando vi, na televisão, um trecho da entrevista de uma bailarina, que comanda um projeto social na comunidade onde vive, uma favela do Rio de Janeiro. Infelizmente, não pude memorizar seu nome e nem mesmo o de seu projeto, mas uma frase que ela disse chamou a minha atenção: “O balé é a minha luz no fim do túnel”. Essa frase me bateu forte. Porque esta menina, que não deve ter mais de 20 anos, é negra, pobre, moradora da periferia, e com certeza já enfrentou, segue enfrentando e ainda enfrentará verdadeiras batalhas para ser quem é e fazer o que faz. Sem o balé, seriam grandes as possibilidades de que ela terminasse como tantas meninas iguais a ela: grávida prematuramente, afastada da escola, sem emprego e com quase nenhuma perspectiva. Mas havia uma luz no fim do túnel: o balé. É o balé quem dá sentido e sustento para todas as dificuldades que encara; que a faz ficar em pé, resistir, não desistir. O balé a mantém longe do crime, longe da m...

Atenção leitor, escritor, professor, simpatizante!

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A Editora Os Dez Melhores mudou o endereço de seu site e de sua livraria virtual! Agora estamos atendendo no www.osdezmelhores.com e vendendo nossos livros no www.livrariaosdezmelhores.com Nosso e-mail também mudou, e você pode falar conosco no osdezmelhores@gmail.com Atualize nossos contatos e sejam todos bem-vindos à nossa nova casa virtual!

Não cobre o que você não dá

Eis uma mania estranha e incomodativa deste ser que chamamos de humano: pedir o que não dá. Cobrar o que não concede. Exigir o que não oferece. Precisamos parar. Um teste rápido: responda mentalmente, o que você espera dos outros? Quer ser respeitado, eu imagino. Com certeza quer carinho e compreensão. É possível que também deseje ser bem tratado, bem recebido, bem acolhido, bem-amado. E por que não ganhar uma oportunidade, um elogio, um afago no ego ou na cabeça? Legal. Quem não quer, não é mesmo? Mas a questão é: você respeita o outro como quer ser respeitado? Dá ao próximo o carinho e a compreensão que almeja? Oferece uma oportunidade, um elogio, um afago? Se você respondeu não para uma dessas perguntas, é sinal de alerta. Porque não há no mundo nada pior do que aquilo que eu chamo de “mendigos emocionais”. Pessoas que parecem vampiros, e dedicam seu tempo e sua vida a sugar, cobrar, exigir, pedir, mandar. O tempo todo. Todo o tempo. Mas na hora de retribuir, de entregar...

Presente no Presente

Enquanto você almoça, você pensa em quê? Antes de dormir, quando toma banho, sentado no vaso sanitário, andando de ônibus: sobre o que você fica pensando? Independentemente do que assalta tua cabeça enquanto você faz coisas do cotidiano, posso apostar que a maioria diz respeito ou ao passado ou ao futuro. Ao que deveríamos ter feito e ao que deveremos fazer. Estranhamente, nossa consciência parece viver no ontem e no amanhã, nunca no hoje. Isto significa que dedicamos boa parte de nossa energia e capacidade naquilo que, na verdade, sequer existe. Depositamos (ou deveria dizer: desperdiçamos?) nosso esforço mental e emocional, além de milhares de minutos de nosso precioso tempo, em problemas e questões que não podemos resolver, seja por que já passaram, seja por que ainda nem aconteceram. E enquanto isso, os problemas e questões atuais ficam ali no canto, renegados. Resultado: é um ciclo infinito, no qual nada é resolvido. Tudo é ontem e amanhã. Esta é uma característica que p...

Lugar de Fala

Sabe por que eu nunca ministrei uma palestra sobre ser deficiente físico no Brasil? Porque eu não tenho nenhuma deficiência física. Posso ler todos os artigos já publicados sobre o tema, posso conversar com dez mil deficientes físicos, posso ir a palestras e seminários que abordam o assunto. Eu jamais saberei o que é SER deficiente físico. Por isso, se o assunto me interessa, eu vou procurar aprender sobre ele, mas de jeito nenhum poderei falar sobre deficiência física melhor do que um deficiente físico. Isso se chama Lugar de Fala: tirar qualquer mediador do caminho e entregar o microfone para quem, de fato, sofre a limitação e o preconceito. Deixar o protagonismo com quem sente na pele. Parece óbvio, mas como tudo que parece óbvio, não é. Porque é bastante comum ver pessoas falando com autoridade e convicção sobre assuntos que simplesmente ignoram – como seria eu, discursando sobre ser deficiente físico no Brasil. Então o homem quer dar sua opinião sobre a necessidade do fe...