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Mostrando postagens de junho, 2020

Que o álcool gel nos proteja

Cada vez que a prefeitura de Carazinho publica o boletim diário do coronavírus, com o número de infectados aumentando a cada dia, vejo uma galera comentando: “que Deus nos proteja”; “que Nossa Senhora nos abençoe”; “que Jesus nos defenda”; “que os anjos nos iluminem”; “que o Senhor tenha misericórdia de nós” etc. Olha, nada contra a fé. Inclusive simpatizo um monte com Deus, Nossa Senhora, Jesus, os anjos, o Senhor e etc. MAS nesta hora, a responsabilidade não é do divino não. Mais correto seria dizer: “que o álcool gel nos proteja”; “que o distanciamento físico nos abençoe”; “que a máscara nos defenda”; “que o isolamento social nos ilumine”. Que nós tenhamos misericórdia uns dos outros. Porque nenhuma divindade é capaz de nos defender de nós mesmos.

"Ao professor, a palavra": próximo lançamento da Editora Os Dez Melhores!

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No final de fevereiro, um pouco antes de cair minha ficha sobre o quanto a pandemia era incrivelmente grave, iniciei um projeto cuja ideia eu já trazia em minhas gavetas mentais há tempos: o livro “Ao professor, a palavra”, reunindo textos de professores de escolas públicas e privadas sobre os desafios da sala de aula e como faz para superá-los. O objetivo do livro está guardado no título: dar ao professor a palavra e permitir que ele nos aproxime de uma realidade que, na maioria das vezes, passa bem longe de nossas vistas. Ou passava, né? Porque, com o fechamento das escolas e a suspensão das aulas por tempo indeterminado, muitos pais descobriram que ser professor é muito, muito, muito, mas muito mais complexo do que desconfiava nossa vã filosofia. O fato é que, quando vi, tudo virou de cabeça pra baixo: coronavírus, governo negando o coronavírus, empresários negando o coronavírus, uma galera negando o coronavírus, descaso, desmonte, desrespeito, desespero. Desânimo. Pense

Passadores de pano não passarão

Certa vez, escrevi um texto contra a homofobia e uma leitora comentou que achava muito bacana eu me envolver em lutas que não são minhas. Afinal, se eu sou heterossexual, branca e classe média, o que tenho a ver com os LGBTs, com os negros, com os índios e com os periféricos, não é mesmo? Bem, eu tenho TUDO A VER, assim como ela, assim como tu, como nós, como vós e como eles. Impossível pensar uma sociedade melhor e mais justa PRA TODOS (inclusive para os fanáticos e escrotos em geral) se continuamos acreditando que “eu não tenho nada a ver com isso”. Precisamos parar de assobiar e sair de fininho, nos descolando dos problemas que nos cercam como se não vivêssemos em comunidade e não dependêssemos também do coletivo. A vizinha está apanhando do marido? “Não meto a colher”. O gerente pediu que o casal homossexual se retire do restaurante? “Não é da minha conta”. O amigo fez um comentário machista? A amiga contou uma piada homofóbica? “E eu com isso?”. O policial ou o s