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Mostrando postagens de janeiro, 2018

A cova do bandido

Em Carazinho, assim como em todo território nacional, a violência está fora de controle, e parece somente aumentar. Crimes que só víamos na televisão passaram a acontecer bem debaixo dos nossos narizes. Então colocamos grades nas portas e janelas, compramos cadeados, cercamos nossas casas e andamos por aí arredios e desconfiados. Assaltos, assassinatos, bestialidade e salve-se quem puder. Neste contexto, é compreensível que a população fique puta dentro das calças. Ninguém gosta de viver com medo. Logo, a insegurança e a indignação despertam em nós o que ainda temos de mais selvagem e primitivo. E como todo animal assustado e encurralado, nossa reação natural é atacar. Deste modo, movidos pelos nossos instintos mais básicos, enfurecidos e insensatos, passamos a acreditar em soluções rasas para resolver problemas profundos, como é o da violência. Bradamos por pena de morte; queremos linchar o bandido; exigimos andar armados para matar antes de morrer. A raiva e a revolta nos fazem

Calar a boca

Dentre todos os desafios que encaramos ao longo de nossa vida, creio que o mais complicado seja aprender a ficar quieto. É algo que simplesmente não conseguimos fazer. Parece que possuímos uma necessidade fisiológica de dar nossa opinião sobre absolutamente tudo, da escalação do time à vida amorosa da vizinha, do atentado terrorista à nova música da Anitta. O que não conseguimos fazer é ficar calados. Acredito que uma das explicações para este fenômeno de massa é o desejo latente e incontrolável de impor nossa opinião ao outro; de convencê-lo de que nós estamos com a razão. Gostamos de doutrinar. Sacamos o microfone e monopolizamos o assunto, especialistas que somos em todas as áreas do conhecimento humano. Apesar disso, dizemos por aí que não nos importamos com o que os outros acham. Que cagamos e andamos para a opinião alheia. Porém, se alguém discorda ou critica, se ousa pensar diferente, já ficamos irritados e ansiosos. E lá vamos nós convencer o próximo das nossas verdades ab

Desaprendo

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Ontem eu completei 33, e posso dizer que desaprendi muitas lições ao longo destas três décadas e três anos de vida. Sim, eu desaprendi pra caramba, e sigo desaprendendo todos os dias. Sou grata por isso. Afinal, desaprender uma lição errada pode ser tão ou mais difícil do que aprender uma certa. E convenhamos: ao longo dos anos nós aprendemos muitas lições equivocadas ou, no mínimo, duvidosas. Lições repetidas geração após geração, século após século, que buscam somente padronizar, moldar, acomodar, transformando o complexo em simplório, enfiando as pessoas em caixinhas rotuladas e minúsculas. Como se vendessem só um número de calçado. Quem tem o pé maior ou menor, que se aperte e se adapte. Desaprender tais lições é tarefa árdua, pois haverá mil à tua direita julgando tuas decisões, e outros mil à tua esquerda contestando tua sanidade. Porém, sem desaprendê-las, seguiremos caminhando capengas, usando sapatos pequenos ou grandes demais, tornando a nossa jornada mais penosa e dol

“Ela é uma vagabunda”, disse a mulher

Aconteceu aqui perto: uma moça casada descobriu que seu marido tinha uma amante e resolveu se vingar; porém não do marido. Assim, colou por toda a cidade vários cartazes com uma foto da amante nos quais se lia: “A Fulana de Tal (nome e sobrenome) é uma vagabunda e sai com homem casado”. Ok. Inicialmente é importante indagar: quem deve fidelidade e respeito pra esposa? O marido ou todas as outras mulheres da face da Terra? Esclarecida esta questão, devemos observar que tal situação expôs negativamente apenas e tão somente a esposa e a amante; não o marido, nunca o marido. Das três pessoas envolvidas na confusão, só ele se deu bem. Porque agora ele é o garanhão, o comedor, o pegador, o macho alfa, ao passo que a amante é a vagabunda e a esposa, a chifruda. E é por isso que nós, gurias, precisamos parar imediatamente de nos tratar como rivais. Afinal, enquanto ficamos aqui, brigando por causa de homem e nos chamando de vagabundas, eles apenas ganham força e se divertem afagando o p