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Mostrando postagens de agosto, 2018

Porra, maridos!

Recentemente, surgiu nas redes sociais a hashtag #PorraMaridos que, assim como ocorreu em campanhas anteriores, buscou reunir relatos de violência contra a mulher, seja esta violência física, verbal, mental ou sexual. #PorraMaridos trouxe histórias de mulheres descrevendo situações em que seu companheiro se fez de sonso para passar bem: tem o que não colocou a roupa de molho porque não sabia se usava um balde ou uma bacia. O que esqueceu a própria mala em uma viagem e reclamou dizendo que a esposa era a culpada por não lembrá-lo. O que se recusou a recolher o cocô do cachorro porque “não tinha estômago pra isso”. O que não lavava as panelas porque não sabia o que fazer com a comida que está dentro. O que deixou a mulher sozinha no hospital porque estava com um pelo encravado “que doía muito”. Aquele que colocou a roupa na máquina de lavar, conforme a esposa pediu, mas que não ligou a máquina porque, afinal, isso ela não pediu. Dezenas, centenas, milhares de depoimentos de mulher

Efeito Dominó

Chama-se de Efeito Dominó a ideia de que basta o primeiro elemento ser impulsionado, para que todos os demais sejam diretamente afetados pelo movimento de um único dominó. Assim também é na vida. Ao contrário do que muitos pensam, e daquilo que os filmes e os livros tentam nos convencer, a mudança do mundo não se dará abruptamente, através de um evento apocalíptico e de grandes proporções, com prédios explodindo e deuses descendo dos céus. A mudança do mundo acontece através do movimento e da transformação de cada indivíduo. Da mudança de cada um de nós. No entanto, ainda não assimilamos a ideia de que, se formos o dominó que sai do lugar, automaticamente as demais peças em nossa volta entrarão em movimento, mesmo que involuntário – e também sairão do lugar. Por esta razão, muitas vezes passamos nossa vida inteira esperando que algum outro dominó tome a frente do movimento, para que só então possamos, também, nos movimentar. Daí a frustração, a raiva, o aborrecimento, a tristez

Por que a violência contra nós não importa?

No dia 10 de agosto de 2018 o prefeito de Não-Me-Toque, Armando Roos, teve seu mandato cassado após denúncias envolvendo assédio sexual. O prefeito foi gravado trocando cargos públicos por favores sexuais, em um vídeo embaraçoso e grotesco que não deixa margens para nenhuma dúvida. Contudo, no país do improvável, houve quem reclamou, achando tudo muitíssimo injusto: “a cidade perde um grande administrador”, alguns disseram. “Fez muito por Não-Me-Toque”, outros afirmaram. “Coitado, não merecia. É um bom homem”. Um bom homem que assediou sexualmente suas funcionárias – o que faz dele um criminoso, já que assédio sexual é crime. E não sou eu quem está dizendo; é o artigo 216-A do nosso Código Penal. Sem contar que utilizar de sua autoridade e poder para constranger e perseguir quem se encontra hierarquicamente em posição vulnerável, além de crime, é moralmente repugnante. Mas quem se importa, não é mesmo? O cara foi um ótimo administrador! Fez mais pela cidade do que qualquer outr