Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2018

O Ritmo do Mundo

O céu de nuvens carregadas e cinzas Misturava-se ao rio de águas tão escuras quanto cristalinas. Fundiam-se no horizonte formando uma sinfonia fina Tão sombria, tão linda, tão fria. O sol se escondia Não dava para saber a hora Mas era algo entre o meio e o fim do dia. Era mais ou menos assim que acontecia. Lembro que tinha ventania. O vento vindo do leste ventava como se nada houvesse Como se tudo bem estivesse Como se não vivêssemos sem nenhum alicerce Como se ainda seguíssemos algum mestre. O vento ventava e não se importava Não poupava, não parava, não cansava Levando o que encontrava até as nuvens carregadas Lá no céu, que alcançava o fim. Sem se abalar com as rajadas pesadas O vento também ventava em mim. O varal esforçava-se para os lençóis segurar Os tecidos dançando sem cadência ou resistência, naquela malemolência a bailar Suas cores contrastavam com o acinzentado do rio, do céu, da rua, do mundo, de todo lugar. Ali eu soub

Esclarecendo a escuridão

Sou a responsável pelo Nascedouro , selo da Editora Os Dez Melhores que publica livros escritos por crianças e adolescentes. De 2013 pra cá, publicamos sete livros contendo textos e desenhos de mais de 240 estudantes do interior do Rio Grande do Sul. Logo, participei diretamente de sete lançamentos, e cada um foi especial e inesquecível à sua maneira. Porém, nosso mais recente lançamento, a obra “ Jovens Escritores Brasileiros Vol. 2 ”, que aconteceu no dia 14 de novembro de 2018 em Sananduva/RS, foi particularmente especial e inesquecível, devido ao contexto que experimentamos agora, enquanto país e enquanto cidadãos. Enquanto coletivo e enquanto indivíduos. Vivemos tempos de crise generalizada, disso ninguém duvida. O colapso não é apenas político e econômico, mas moral e estrutural. A falência da sociedade que conhecíamos revelou o que de pior existe no ser humano: violência, fanatismo, intolerância. Algo sem precedentes em nossa história. Uma espécie de guerra ideológica, cu

Eu, de esquerda?

Eu escrevo crônicas desde 2004. Sempre tive blog, e também já publiquei em sites, revistas, livros e jornais ao longo dos anos. Em 2018, lá se vão cinco primaveras que escrevo quinzenalmente para o jornal O Informativo Regional, de Sananduva/RS, e pelo menos dois anos que mantenho uma coluna no jornal A Folha, de Não-Me-Toque/RS. Não sou capaz de contar quantas crônicas já escrevi na vida, mas foram algumas centenas. Nestes textos, desde os primeiros até os últimos, sempre procurei refletir o meu tempo, como ensinou Nina Simone, abordando temas pertinentes à nossa realidade. De modo que, quem já leu pelo menos cinco crônicas minhas, sabe que racismo, machismo, homofobia e direitos humanos são assuntos recorrentes em meu trabalho. Tem política em cada caractere que eu digito. Apesar disso, jamais me posicionei a favor de um partido ou de um determinado candidato, bem pelo contrário. Sempre deixei claro que, não importa quem está no poder, eu sou contra, inclusive e principalmente se

Editora Desdêmona

Imagem
O meu poema “Com licença” foi selecionado para integrar a primeira coletânea da Editora Desdêmona , “As coisas que as mulheres escrevem”. Em um país onde 70% dos livros publicados são escritos por homens; onde 60% das histórias são protagonizadas por homens; onde dizer a uma autora que ela “escreve como um homem” é elogio; é mais do que uma honra participar deste projeto.  É um grande privilégio.