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Mostrando postagens de setembro, 2018

Um uivo para Fausto Wolff

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Fausto Wolff me ensinou que existe um jogo em andamento. Um jogo que eu e você não jogamos, porque afinal somos as peças, não os jogadores. Algumas estão cientes do jogo; outras não. Algumas acreditam que são jogadores; outras sabem que não são. Fausto Wolff sabia do jogo e sabia que não jogava; era apenas mais uma peça em cima do tabuleiro, a bola de bilhar ou futebol, as cartas sobre a mesa e sob as mangas. Mas, ao contrário das demais peças que, conformadas à sua condição inanimada, desempenham sua função sem dar um pio, Fausto desgarrou-se do papel de mero utensílio. Recusou-se a ser só mais um elemento inerte nas mãos de quem joga o jogo do qual nunca poderemos sair vitoriosos. Peças não jogam; logo, não podem vencer. Quinze anos atrás, quando conheci Fausto Wolff, eu já desconfiava que havia algo errado no paraíso. Um incêndio ardia sob a chuva fina. Alguma coisa não cheirava bem, eu podia pressentir. O caminho que se esboçava, emprego-casamento-chefe-filho-prestação,

Quem é o bandido que você quer ver morto?

Eu não gosto do Jair Bolsonaro. Discordo veementemente de seu discurso, de sua postura, de suas ideias, e não gostaria de viver em um país governado por ele. Entretanto, não quero Jair Bolsonaro morto. Não quero ninguém morto, aliás. Nem o ladrão e nem a polícia. Nem o branco e nem o preto. Nem o rico e nem o pobre. Nem o coxinha e nem o pão com mortadela. Nem eu e nem quem pensa diferente de mim. Daí minha incompatibilidade e rejeição ao Bolsonaro e tudo o que ele representa. Ocorre que, ao contrário de mim e exatamente como Jair Bolsonaro, Adélio Bispo de Oliveira, o homem que o esfaqueou, quer ver sangue. Adélio, assim como Bolsonaro, acredita que existem pessoas que merecem morrer. A diferença é que Bolsonaro quer matar “o bandido” e Adélio quer matar o Bolsonaro – que, para Adélio, é “o bandido”. O maior problema em querer ver o bandido morto é definir quem é o bandido que deve morrer. Seria o sujeito que espreita tua casa de madrugada? O vizinho que estacionou o carro n