Não cobre o que você não dá
Eis uma mania estranha e incomodativa
deste ser que chamamos de humano: pedir o que não dá. Cobrar o que não concede.
Exigir o que não oferece.
Precisamos parar.
Um teste rápido: responda
mentalmente, o que você espera dos outros? Quer ser respeitado, eu imagino. Com
certeza quer carinho e compreensão. É possível que também deseje ser bem
tratado, bem recebido, bem acolhido, bem-amado. E por que não ganhar uma
oportunidade, um elogio, um afago no ego ou na cabeça?
Legal. Quem não quer, não é
mesmo? Mas a questão é: você respeita o outro como quer ser respeitado? Dá ao
próximo o carinho e a compreensão que almeja? Oferece uma oportunidade, um
elogio, um afago?
Se você respondeu não para uma
dessas perguntas, é sinal de alerta.
Porque não há no mundo nada
pior do que aquilo que eu chamo de “mendigos emocionais”. Pessoas que parecem
vampiros, e dedicam seu tempo e sua vida a sugar, cobrar, exigir, pedir, mandar.
O tempo todo. Todo o tempo. Mas na hora de retribuir, de entregar, de
proporcionar, de doar, de contribuir, cadê? Sumiram todas.
Tenho certeza que o leitor
conhece alguém assim – e se não conhece, fique atento: talvez você seja essa
pessoa.
O fato é que não vale a pena
conviver com quem somente explora, sem nunca nutrir. Relações são baseadas em
trocas; se somente uma parte cede e concede, a balança entorta e o caldo
entorna.
Infelizmente, ainda mantemos
muitas relações assim, sejam elas familiares, profissionais, românticas ou fraternais.
Não raramente permitimos que os outros usem e abusem da nossa boa vontade, e
não menos raramente somos nós quem usamos e abusamos da boa vontade alheia.
Resultado: nossos
relacionamentos são frágeis, instáveis, quebradiços, seguidamente medonhos.
Baseados em cobranças, nunca em suporte. Somos rápidos na hora de listar o que
não recebemos, mas nos complicamos quando precisamos listar o que não
oferecemos.
Cobrar o próximo é fácil.
Difícil é dar ao próximo aquilo
que nós julgamos merecer – e que talvez, muito provavelmente, a gente nem mereça.