A exceção que deu certo continua sendo exceção
Vez ou outra surge na televisão ou no Facebook uma história de superação heroica: o cara que trabalhava 14 horas por dia catando papelão e se formou em Medicina. A criança que caminha 20 quilômetros para ir até a escola e ganhou um prêmio internacional de matemática. A mãe que formou na faculdade os cinco filhos trabalhando como doméstica. Histórias incríveis de pessoas que, apesar da pobreza, das limitações, dos preconceitos, das dificuldades, prosperaram e venceram, contra tudo e contra todos. Aí a criatura que nunca catou papelão, e muito menos trabalha 14 horas por dia; aquela que o pai levava e buscava na porta da escola; a mesma que já está cursando sua terceira faculdade, vem e me diz: – Viu? É só querer! Claro, é o mais fácil. Focamos na exceção que deu certo, e ignoramos a enorme massa que “não deu certo” (também conhecida como: a regra), empurrando sobre ela toda a responsabilidade por sua condição. Assim, conforme esta ótica, os catadores de lixo não se forma