Forte e Foda
A primeira vez que li Fernanda Young, “Vergonha dos Pés”, lançado em 1996, eu tinha 12 ou 13 anos e caminhava por aquele limbo escuro e frio entre a infância e a adolescência. Entre ser o que esperavam de mim e ser eu. Com 12 ou 13 anos, eu já suspeitava que o papel da mulher, forjado e imposto por uma sociedade no mínimo equivocada, era uma bela de uma bosta. Senta direitinho. Fale baixinho. Seja boazinha. Não responda. Fecha as pernas, menina! Não é assim que se comporta uma mocinha! Não, eu não queria me comportar como uma mocinha. Não queria sentar direitinho, falar baixinho e ser boazinha. Não queria diminutivos para mim. Eu queria ser forte e foda, mas a maioria das representações de mulheres que eu conhecia naquela época, pela TV, revistas e jornais, era o oposto disso: elas eram frágeis, sempre à espera de um salvador montado num cavalo branco; eram todas padronizadas, dóceis, comportadas e obedientes, obcecadas em agradar. Belas, recatadas e do lar. Deus me livre ser a