Vou contar um segredo: desde março deste ano estou trabalhando em um projeto literário chamado “ Inspiração: Substantivo Feminino ”; um livro reunindo o perfil de minas que eu admiro e nas quais me inspiro, apresentadas ao leitor através de uma crônica poética escrita por mim. Escrever este livro foi uma experiência muito diferente de tudo o que já vivi, literariamente falando, e talvez por isso o tenha mantido anônimo até aqui: eu precisava ir até o fim para, somente então, poder apresentá-lo a você. Porque durante estes meses, que separam março de hoje, este projeto ganhou vida, corpo e alma, forma e conteúdo; de criação virou criatura. “ Inspiração: Substantivo Feminino ” reúne 24 crônicas poéticas sobre 24 mulheres porretas. Para orientar a criação dos textos, cada uma respondeu uma entrevista, onde contou sobre sua vida, seu trabalho e família, sua rotina, mas também sobre quem é e como se sente, do que têm medo, quais seus planos, sonhos e anseios, seus sentimentos. As versõ...
Escrevo para agradecer aos professores e às escolas de Carazinho, e também de todo esse Brasil, por tudo o que estão fazendo pela nossa gurizada. Obrigada por transformar suas casas em salas de aula; por recriar, refazer e reinventar maneiras de ensinar e de aprender, de se comunicar, de envolver o estudante, inclusive orientando-o em suas aflições; mesmo que vocês estejam tão aflitos quanto. Obrigada às escolas que continuam servindo refeições aos alunos em situação de vulnerabilidade. Vocês estão matando a fome de crianças e eu não sei o que pode ser maior do que isso em um país faminto e desigual como o nosso. Obrigada por abrirem mão de seu descanso, de seu tempo, de sua energia, de seu lazer, de suas famílias, de suas próprias dores e angústias e até de suas economias; obrigada por fazerem muito mais do que devem e podem fazer. Não deveria ser assim. Eu não deveria estar aqui, agradecendo à comunidade escolar por literalmente carregar nosso futuro nas costas; por dar m...
Existe uma frase – bem cretina, por sinal – que diz “trabalhe com o que você ama e você nunca terá que trabalhar na vida”. Foi então que um espertinho fez uma releitura do ditado, e criou a “trabalhe com o que você ama e você nunca mais vai amar nada na vida”. Dois conceitos que explicitam bem a nossa infantilidade e imaturidade emocional; a nossa extrema dificuldade em admitir que a vida simplesmente não é como a gente quer que seja. Porque, de tudo, só queremos a parte boa. Reivindicamos o bônus e recusamos veementemente o ônus, apesar de um vir no encalço do outro: queremos trabalhar com o que amamos, mas não queremos compromissos, prazos nem responsabilidades. Queremos encontrar o amor da nossa vida, mas não estamos dispostos a ceder um milímetro. Queremos uma família grande, desde que todos sejam feitos conforme nossa imagem e semelhança. Aí nós conseguimos trabalhar com o que mais gostamos. Encontramos uma pessoa que amamos e que também nos ama. Formamos uma família grande ...