#BaúDeCrônicas: Conectar-se com o diferente: você é capaz?
Sabemos que nosso cérebro
sempre reage quando entramos em contato com algo que não estamos acostumados.
Qualquer situação que nos tire do lugar onde confortavelmente existimos coloca
nossa mente a trabalhar em alerta máximo.
Por isso o diferente é
assustador: por que o desconhecemos. O diferente nos coloca em uma situação
inesperada e desafiadora, e nosso cérebro primata reage atacando. Uma tentativa
de nos defender do que não nos é familiar.
Assim, quando vemos um casal
homossexual se beijando, nos sentimos constrangidos. Quando cruzamos por uma
travesti na rua, ela chama nossa atenção de uma forma perturbadora. Quando
conhecemos alguém com deficiência, ficamos atordoados e melindrosos.
A não ser, é claro, que você seja
ou conviva com casais homossexuais. Ou que seja ou conviva com uma travesti. Ou
que seja ou conviva com uma pessoa com deficiência.
O nosso cérebro se adapta ao
nosso universo (que, convenhamos: é pequeníssimo), e dali parte para definir o
que é “normal” e o que é “anormal” para cada um de nós. E então, quando nos
deparamos com o desconhecido, com aquilo que nos é estranho, respondemos de modo
defensivo, como se o diferente pudesse colocar nossas crenças e certezas, e
nossa própria existência, em perigo.
Uma reação instintiva e
irracional, típica do homem das cavernas, e da qual precisamos nos libertar o
mais rapidamente possível.
Penso que devemos tentar nos
conectar com o diferente; tentar encontrar nele pontos em comum – porque estes
pontos em comum existem, e geralmente são maiores do que as diferenças.
A próxima vez que encontrarmos
pelo caminho alguém que destoe do pequeno universo onde resumimos nossa
existência, ao invés de atacar; de nos sentir ameaçados e ofendidos e
desconfortáveis; vamos tentar encontrar neste alguém o que nos une. O que nos torna iguais.
Enquanto a gente não descobrir
um jeito de viver em paz com o que é diferente de nós; enquanto a gente limitar
nossa visão ao minúsculo ponto de vista de que dispomos; enquanto nossa
percepção não ultrapassar a porta de nosso quarto e o muro de nosso quintal;
esqueçam viver em um mundo melhor.
Porque ou o mundo é melhor para
todos, ou não será melhor para ninguém.