Flores (e justiça!) para Mara!
Lá se
vão 11 anos desde o dia em que a gari Mara
Luciane Macedo, de 37 anos, morreu depois de ser atropelada por um “veículo
branco que trafegava em alta velocidade” no centro de Carazinho, na madrugada de
25 de fevereiro de 2010. Mara estava trabalhando, ajudando a deixar nossa
cidade mais limpa, quando o desastre aconteceu. O motorista fugiu sem ajudar.
Alguns meses
depois, neste mesmo ano, o filho da atriz e apresentadora Cissa Guimarães, Rafael
Mascarenhas, de 18 anos, também foi atropelado no Rio de Janeiro e, assim como
Mara, também acabou morrendo sem receber socorro do motorista, que simplesmente
foi embora.
Porém,
ao contrário do que ocorreu aqui, o motorista responsável pelo atropelamento e
morte de Rafael foi rapidamente identificado, encontrado e punido.
Já o
caso de Mara esfriou sem sequer esquentar. Havia imagens de trânsito que
mostravam o veículo, cor e modelo, correndo centro afora; sabia-se que o carro
estava amassado. Mas, mesmo assim, a investigação não foi adiante.
Fim.
Só que
não, né?
Porque,
para a família de Mara, a dor de hoje é a mesma daquela madrugada de 25 de
fevereiro de 2010. E talvez pior, pois se soma à revolta pela impunidade, à
indignação pelo descaso, à impotência diante da negligência das autoridades.
Há 11
anos a mãe de Mara, dona Landa, coloca flores no local onde sua filha morreu
atropelada enquanto trabalhava.
Uma
forma de homenagear Mara, mas também de não nos deixar esquecer que ali,
naquele lugar por onde passamos apressados, uma mulher incrível, trabalhadora,
honesta, amada, morreu por pura imprudência, deixando sua mãe, sua filha de 15
anos, sua família e seus amigos completamente devastados.
E 11
anos depois, quem a matou segue livre, leve e solto, possivelmente ainda
dirigindo feito um idiota e protegido embaixo das asas de seu papai.
Até
hoje me pergunto: o que teria acontecido se Mara fosse filha de gente
importante? Se carregasse um sobrenome de peso? Se tivesse mais contatos, mais
dinheiro, mais influência? E se Mara fosse filha da Cissa Guimarães?
Tenho a
nítida impressão que esta história e seu desfecho seriam outros.
Assim,
a próxima vez que você passar na Avenida Flores da Cunha, na frente do
Bradesco, eu te convido a olhar para as flores que a dona Landa sempre deixa
para sua filha ali.
E
lembre-se que este foi o local onde dois crimes ocorreram: a morte de Mara
seguida pelo descaso e pela conveniente incompetência daqueles cujo trabalho é,
ou deveria ser, lutar por justiça.
Dois
crimes que ainda seguem sem punição.
Até
quando?