Eu na Café
Em
tempos obscuros como este, é uma satisfação imensa fazer parte da próxima
edição da Café Espacial – desta vez, só para maiores de idade – com o poema “Feito
de Carne”.
Esta
deve ser minha quarta, quinta ou sexta (não sei, sou de humanas) participação
na Café e todas foram muito, muito, muito especiais para mim. Mas esta é
particularmente importante, justamente pelo momento de trevas que vivemos, no
qual assistimos, meio dopados e meio ensandecidos, o nosso país ruir.
Resistência,
esta palavra tão usada que já perdeu o sentido, é isso aí: teimosia diante da ruína.
Manter-se
em pé, apesar de tudo desabar sobre a cabeça. Insistir, mesmo quando dizem que
não vale o esforço. Acreditar, embora tudo leve ao ceticismo. Ser o que os
amargurados chamam de utópico. “Isso nunca vai mudar”. “É assim e não tem jeito”.
“Um dia você vai parar de sonhar e cair na real”.
Que
este dia nunca chegue.
E fazer parte deste projeto, principalmente desta edição, é adiar mais um pouquinho a chegada do dia em que vamos desistir e aceitar que as coisas nunca vão mudar.