O desperdício nosso de cada dia
Se você está com sede e tem um
copo de água, você bebe a água e mata a sede, ou joga a água fora e continua
com sede?
A pergunta parece idiota, e de
fato é, mas trata-se de uma analogia perfeita para o que fazemos com nosso
tempo, nossa atenção e nossa energia. Já reparou como desperdiçamos esses três itens
preciosos com bobagens?
Perdemos nosso tempo nos
preocupando com problemas que não são nossos, e que justamente por isso não
cabem a nós resolver. Consumimos nossa atenção com fatos e versões que não controlamos,
e pelos quais nada podemos fazer. Colocamos toda nossa energia em coisas que
não nos dão qualquer retorno positivo, brigando, criticando, condenando, se
angustiando, se consumindo. Sofrendo horrores, seja pelo que temos, seja pelo
que não temos.
Aí, quando precisamos de tempo,
atenção e energia para aquilo que verdadeiramente importa, cadê o tempo, a
atenção e a energia que estavam aqui? Exatamente: desapareceram. Foram jogados
fora com pessoas, problemas e situações que sequer nos dizem respeito.
Resultado: estamos sempre
exaustos e ansiosos. Exaustos porque dilapidamos nosso foco e nossa vontade com
inutilidades, e ansiosos porque temos mil problemas realmente nossos para
resolver, mas agora não temos mais tempo, atenção e energia para tanto.
Eu tenho feito este exercício
cotidiano e complexo de cagar e andar para tudo o que eu não controlo, me dando
o direito de me poupar de aborrecimentos que simplesmente não são meus,
guardando meu tempo e atenção somente para o que me pertence.
E ó: recomendo.
Porque desde que eu comecei a
direcionar minha energia para o que eu posso fazer, mudar ou resolver, passei a
ter um retorno que, do outro jeito, eu não tinha, efetivamente realizando algo
capaz de justificar o esforço despendido. Quando decidi beber a água do copo ao
invés de jogá-la fora, adivinha só? Não senti mais sede.
Acreditar que nossa energia,
nossa atenção e nosso tempo são infinitos é um erro, e um erro grave. Se os
desperdiçamos, como faremos para cuidar da nossa própria vida e dos nossos
próprios problemas?
Resposta: não faremos, não
cuidaremos e não resolveremos – nem a nossa vida e os nossos problemas, e muito
menos a vida e os problemas do próximo, independentemente de quão próximo seja
o próximo. Seremos apenas mais um sedento em uma multidão de sedentos, que
debilmente joga fora seu copo de água ao invés de bebê-lo e se saciar.
assinado Jana.