Ana
Quando eu tinha 13 ou 14 anos,
comprei um caderno e o transformei em um álbum de fotos. Colei ali todas as fotografias
que eu tirava nessa época – e acreditem, jovens: eram poucas. Porque era
necessário comprar filme (tinha de 12, 24 e o suprassumo da riqueza: 36 “poses”),
mandar revelar, esperar uma semana e ainda rezar para as fotos não saírem
“queimadas”, haha. Enfim, outros tempos.
O fato é que tirei essa foto (a
original, não a foto da foto) em 98/99, dentro de um ônibus da lendária empresa
Hélios, enquanto eu e minha “miga forever” Anabele íamos de Não-Me-Toque para
Carazinho, ou vice-versa.
Quase 20 anos depois, tudo
mudou: cabelos, pensamentos, endereços, dores, moda, estações, presidentes,
vida. Até o jeito como tiramos fotos atualmente é diferente! Porém, se hoje eu
comprasse um novo caderno para colar minhas novas fotografias, escreveria
exatamente a mesma coisa ao lado da minha foto com a Ana: amigas para sempre.
Eu sei, é clichê. Mas clichês
geralmente trazem verdades, e esta é uma verdade, uma certeza, algo pelo qual
ponho a mão no fogo: a Ana é minha amiga de sempre, para sempre.
Atualmente nos vemos apenas uma
vez por ano, quando ela vem de Brasília pra cá. Quando essa foto foi tirada nós
nos víamos todos os dias, religiosamente. Eu sinto saudade de quando era assim.
Mas toda vez que olho pra Ana, e vejo a mulher FODA, forte e maravilhosa que
ela se tornou, sei que seria muito egoísmo querer tê-la só pra mim, 24 horas
por dia.
Porque a Ana é do mundo, é do
mar, é da imensidão, e é de todas as pessoas que têm a sorte de conhecê-la, e
de dividir com ela um planeta e uma época. A Ana não cria raiz; ela voa por
cima das árvores.
E eu acho isso sensacional, porque
sou o extremo oposto. Não sou do mundo, sou do bairro; da casinha no interior
com a luz da varanda acesa. Eu crio raiz, e sinceramente adoro.
Contudo, apesar das diferenças
óbvias e gritantes que existem em nossas personalidades, e da distância
irritante que nos separa 364 dias por ano, nossa amizade sempre prevaleceu.
Porque é para sempre, desde
sempre, como sempre.
Dia 12 de dezembro a Ana fez
aniversário, mas este texto não é para celebrar mais um ano de vida.
É para celebrar e homenagear uma
das minhas pessoas favoritas no mundo, uma das que mais admiro, respeito, confio
e amo.
Ana, eu não sei se você sabe,
mas eu acho que sim: você me ensinou, e segue me ensinando, a ser uma pessoa
melhor. Você me mostrou como sentir sem enlouquecer, e como raciocinar sem
endurecer. Você faz parte de mim; e é uma das melhores partes que carrego
comigo.
Siga voando mundo afora, só
nunca se esqueça: eu sempre estarei em uma casinha no interior, com a luz da
varanda acesa, esperando você voltar. Como sempre, desde sempre.
Para sempre.
assinado Jana.