Contra-Ataque Underground
Quando
eu tinha uns 10 anos eu e meu primo Leandro “editávamos” uma revista chamada “Gatos
Contra-Atacam”. Era uma revista de histórias em quadrinhos que girava em torno
de dois gatos chamados Minhau e Minhaula, que eram irmãos e se metiam em mil
aventuras, haha. Havia vários outros personagens, e a revistinha teve muitas
edições. Tenho os originais guardados até hoje. Eu fazia tudo à mão com caneta,
e depois tirava xerox, grampeava e vendia pra família. Sim, eu VENDIA. Meus
pais, tios e avós inclusive tinham uma assinatura e recebiam edições mensais,
HAHAHA. Sensacional! (A propósito: obrigada, família!).
O
fato é que a primeira coisa que pensei em ser quando crescer foi “dona de uma
revista”. Eu nem sabia direito o que isso significava, mas era o meu plano A.
Quando
eu finalmente cresci, parei de produzir os gibis dos “Gatos Contra-Atacam”, mas
a ideia da revista nunca saiu da minha cabeça. Ficou ali engavetada,
guardadinha no meu sótão mental em um lugar de fácil acesso.
Portanto,
o lançamento da revista “Obscena – Observe a Cena Underground”, que acontece
dia 11/11 aqui em Carazinho/RS, é particularmente importante pra mim. Porque se
trata de um projeto deveras antigo, tão antigo quanto usar a palavra “deveras”.
Um projeto que cresceu e amadureceu junto comigo, e que é uma sincera alegria
finalmente tornar real e palpável.
Estou
trabalhando na “Obscena” desde março deste ano. Tecnicamente, desde dezembro do
ano passado, quando ela começou a sair da minha cabeça para o papel. Semana
passada eu enviei os arquivos da revista para a gráfica, e é muito massa saber
que em breve ela estará em minhas mãos, em tuas mãos, e nas mãos de quem
quiser. Reunimos quase 100 artistas das mais diferentes áreas e com os mais
diferentes projetos, todos daqui, da região. Ainda tem artigos sobre o mercado
cultural independente, poesia, opinião, entrevistas, moda, teatro, música,
artesanato. Mais do que informação, tem também conteúdo.
Por
isso é muito importante dizer: eu não me tornei “dona de uma revista”, como
havia ingenuamente imaginado na infância. Até por que, uma revista não possui
um dono. Ela é de todos que estão ali em suas páginas, escrevendo, desenhando,
fotografando, divulgando, mostrando seu trabalho. E ela é também de todos que irão
lê-la e com ela interagir, seja hoje, seja amanhã, seja daqui dez anos.
Muita
coisa mudou da época dos “Gatos Contra-Atacam” até a “Obscena”, isso é óbvio,
mas uma coisa continua igual: eu sigo acreditando no que eu faço. E eu só
acredito no que eu faço porque, ao meu lado, existem pessoas que acreditam
também.
Então
anota aí e não esquece: dia 11 de novembro a “Obscena” entra em cena, trazendo
do underground os artistas que movimentam e fazem a cultura local acontecer.
Porque
os “Gatos Contra-Atacam” podem ter terminado, mas nós continuamos aqui, sempre contra-atacando.