Hoje meu pai completa 70 anos

Eu poderia escrever muitas coisas sobre este cara que eu chamo de pai e que a maioria das pessoas chama de Sergião. Poderia falar sobre sua gentileza quase patológica e sobre como está sempre disposto a ajudar – até quem não deveria. Poderia mencionar sua sensibilidade, que ele tenta disfarçar. Mas seus olhos brilham e se enchem toda vez que ele escuta uma história bonita, uma música antiga ou um poema sobre cachorros. Poderia escrever um texto de mil páginas listando tudo o que meu pai já fez e ainda faz por mim, por nós, por quem ele quer bem e até por quem nem conhece. Sobre o quanto tocou e transformou a vida de tanta gente além dos muros do nosso quintal. Só que não. Eu não vou escrever sobre tudo isso e tanto mais. Porque hoje quero agradecer por algo que só me liguei depois de crescer: a minha infância. Uma das fases mais importantes de nossas vidas; aquela que assenta a base de quem seremos amanhã. A infância que eu tive, todas as crianças do mundo deveriam ter. ...