O Ritmo do Mundo
O céu de nuvens carregadas e cinzas Misturava-se ao rio de águas tão escuras quanto cristalinas. Fundiam-se no horizonte formando uma sinfonia fina Tão sombria, tão linda, tão fria. O sol se escondia Não dava para saber a hora Mas era algo entre o meio e o fim do dia. Era mais ou menos assim que acontecia. Lembro que tinha ventania. O vento vindo do leste ventava como se nada houvesse Como se tudo bem estivesse Como se não vivêssemos sem nenhum alicerce Como se ainda seguíssemos algum mestre. O vento ventava e não se importava Não poupava, não parava, não cansava Levando o que encontrava até as nuvens carregadas Lá no céu, que alcançava o fim. Sem se abalar com as rajadas pesadas O vento também ventava em mim. O varal esforçava-se para os lençóis segurar Os tecidos dançando sem cadência ou resistência, naquela malemolência a bailar Suas cores contrastavam com o acinzentado do rio, do céu, da rua, do mundo, de todo lugar. Ali eu soub...