A água vence o fogo
Desfaça esta cara de surpresa e
pense comigo:
Eles nunca esconderam quem eram
quando não estavam contigo.
Não dê pinta de desentendido,
Porque o teu sexto sentido tentou
te avisar: o inimigo está ali escondido
Disfarçado de amigo
Sentado ao teu lado na mesa do
bar.
Nós nos enganamos; não vimos
por trás daquele disfarce brando
O lobo escondido entre o bando,
doido para atacar.
Mas foi só chegar o porta-voz
da matilha, que toda a quadrilha postou-se a marchar
Dançando ao redor da fogueira a
crepitar
Queimando toda e qualquer
crença que da sua discordar.
Porém a água vence o fogo,
E mal sabem os tolos que nós somos
fonte a jorrar.
Apagando as labaredas,
Atravessando paredes, pedras,
muros e trincheiras
Nós somos rio, chuva, lágrima e
cachoeira,
Nós somos o mar.
Seguimos contra as correntes,
Caminhamos em meio às serpentes,
Combatemos soldados mal-amados,
armados até os dentes,
Enfrentamos covardes
disfarçados de valentes, homens de corações doentes.
Desafiamos os conservadores
contentes,
Tiramos a roupa do rei inconsequente
Que ao seu povo só faz desonrar.