Você com certeza recebeu e muito provavelmente repassou esta piada de tempos de pandemia. Pra mim, particularmente, ela não faz nenhum sentido. Porque hoje eu completo 36 anos, mas poderia facilmente colocar 46 velinhas em cima do meu bolo de aniversário. Muitos anos se passaram em 2020 pra mim. Saio dele meio rouca, com a coluna levemente curvada e fios de cabelo branco que não existiam há 365 dias, além de uma ruga saliente entre as sobrancelhas, resultado de tanto franzir a testa e pensar: “mas que porr@ é essa?”. Não vou escrever aqui um texto sobre os aprendizados de 2020, nem sobre conquistas e realizações ou projetos e esperança em dias melhores e tudo isso que estamos exaustos de ler a cada começo de ano. Só quero desejar pra mim – e pra ti também, de coração – que nossos olhos não vejam só o que há de horrível, triste e desesperador no mundo. Que possamos enxergar também o bonito e o delicado, o suave e o sutil; o que às vezes está tão perto que nossas mãos nem conse
Eis uma mania estranha e incomodativa deste ser que chamamos de humano: pedir o que não dá. Cobrar o que não concede. Exigir o que não oferece. Precisamos parar. Um teste rápido: responda mentalmente, o que você espera dos outros? Quer ser respeitado, eu imagino. Com certeza quer carinho e compreensão. É possível que também deseje ser bem tratado, bem recebido, bem acolhido, bem-amado. E por que não ganhar uma oportunidade, um elogio, um afago no ego ou na cabeça? Legal. Quem não quer, não é mesmo? Mas a questão é: você respeita o outro como quer ser respeitado? Dá ao próximo o carinho e a compreensão que almeja? Oferece uma oportunidade, um elogio, um afago? Se você respondeu não para uma dessas perguntas, é sinal de alerta. Porque não há no mundo nada pior do que aquilo que eu chamo de “mendigos emocionais”. Pessoas que parecem vampiros, e dedicam seu tempo e sua vida a sugar, cobrar, exigir, pedir, mandar. O tempo todo. Todo o tempo. Mas na hora de retribuir, de entregar
Ainda estava escuro quando saí de casa perto das 7h da manhã do dia 9 de julho de 2021. Meu destino: a Acapesu, o local onde ocorria a vacinação para pessoas a partir de 36 anos aqui em Carazinho. Na noite anterior, dormi e sonhei que me vacinava. Quando acordei, não era sonho. A minha vez finalmente chegou! Os portões seriam abertos às 8h e eu queria me garantir, por isso fui uma hora antes. Devia ter umas 50 pessoas na minha frente. Cheguei, peguei meu lugar na fila e ali fiquei, não acreditando que era verdade. Sorte que eu usava máscara, ou as pessoas em volta se perguntariam por que raios aquela louca estava rindo sozinha. Era impossível não rir. Minha boca sorria involuntariamente. Foi quando começou a amanhecer. No horizonte, o alaranjado do sol anunciava um dia bonito. Eu, que agora tenho mania de poeta e enxergo versos até onde não têm, não consegui não ver a simbologia daquele momento. Não era só o dia que amanhecia. Eu amanhecia também. Um sentimento que há muito n